GALERIAS

Minha foto
MORRO DO CHAPÉU, BAHIA, Brazil
FOTOS E ARQUIVOS DOS SITES NALDÃO.ARTES E ENCENAÇÕESTEATRO.COM

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

TEXTO A CASA VERDE



A CASA VERDE

Adaptação teatral do livro de Machado de Assis, “O Alienista” uma iniciativa de Fabrícia Silva, com supervisão de Naldão e a Companhia de Teatro Encenações.
CENÁRIO:
Uma praça, de um lado a Casa Verde em frente da Casa Verde do lado oposto do palco um bar e uma igreja, ao fundo uma rua que segue cidade de Itaguaí adentro, contando a época de 10910.


 PERSONAGENS:
Dr. Bacamarte (o alienista)
Porfiria (Cabelereira revolucionária)
Padre Lopes
Crispim Soares, (o boticário)
Evarista (esposa do alienista)
Filomena
Vereador Galvão
Louco João de Deus





INÍCIO
Filomena – Senhoras e senhores, é anunciado pelo Doutor Simão Bacamarte a abertura da Casa Verde!
(Uma grande festa na rua em frente porta da Casa Verde músicas danças e todos animados. Tempo depois a festa é interrompida com a chegada do padre)
Filomena – Ei pessoal vamos para com a molequeira que o padre chegou! (TODOS PARAM)
Padre Lopes – Que Deus abençoe a todos aqui presentes
TODOS – Amem
Filomena – (OLHA PARA O PÚBLICO) Digam amem seus fariseus!
Padre Lopes – Como mensageiro de Deus e da santa igreja, eu abençoou este recinto que com certeza será sem dúvida o maior marco dessa terra sob a organização do senhor doutor Simão Bacamarte o grande medico psiquiátrico que aqui nos representa.
 E para que o senhor Deus nos receba em seu galardão respondeis “rezamos ao senhor”
Como guia no sucesso, no trabalho e na vida
TODOS – Rezamos ao senhor!
Padre Lopes – Para que Deus estais conosco nas dificuldades, tristezas e fraquezas.
TODOS – Rezamos ao senhor
Filomena – Respondam rezamos ao senhor meu povo! Se não é fariseu!
Padre Lopes – Para que Deus esteja conosco nas alegrias, conquistas e felicidades da vida.
TODOS – Rezamos ao senhor!
Padre Lopes – Rezamos ao senhor para que abençoai o doutor Simão bacamarte com seu projeto no qual deixo agora para que dê continuidade com suas palavras.
Filomena – Ué e o pai nosso?
DR. Bacamarte – Quieta Filomena! Senhores para que trouxesse meu projeto para essa terra foi preciso que: (EM DISCURSO)
1o,:  Verifiquei as estatísticas da vila e da Casa Verde,  quatro quintos da população estrão aposentados neste  estabelecimento;
2°, Esta deslocação de população levou-me  a examinar os fundamentos da teoria das moléstias cerebrais, teoria que excluí do domínio da razão todos os casos em que o equilíbrio das faculdades não fosse perfeito e
absoluto;
   Desse exame e do fato estatístico resultou-me a convicção de que a verdadeira doutrina não é esta , mas a oposta, e portanto se deve admitir como normal e exemplar o desequilíbrio das faculdades e como hipóteses patológicas todos os casos em que o  equilíbrio é  ininterrupto;
4°, Tratando de descobrir a verdade científica, não pouparei  esforços de toda a natureza, espero da Câmara igual dedicação;
 5º,  Restituo à Câmara e aos particulares a soma do estipêndio recebido para alojamento dos supostos loucos, descontada a parte efetivamente gasta com a alimentação, roupa, etc.;
Dr. Bacamarte. Que comece a festa! (FILOMENA APLAUDE)
Filomena – (VAI ATÉ O PROSCÊNIO) Só que eu não entendi nada (A PARTE)
Padre Lopes - É honroso para nossa pequena Itaguaí, tal acontecimento.
Crispim Soares
- Parabéns Doutor a casa verde ficou ótima!
Bacamarte - É verdade senhores, e muito obrigado pelos vossos entusiasmos
Filomena - Dona Evarista está muito bonita.
Evarista - (OLHA PARA O MARIDO E PARA A AMIGA) Estou realmente ótima , (A IGNORA) é uma grande conquista.
Padre Lopes - Está muito ansioso Dr. Bacamarte?
Bacamarte - Creio que terei um bom trabalho pela frente.
 (EM OUTRO LOCAL DA CENA)
Porfiria - Tá vendo o Dr. Bacamarte e sua esposa?  Todos pomposos...
Filomena - Também pudera é o precursor do novo templo de Itaguaí
Porfiria - Más isso é meio precipitado, manter todos os loucos em um só lugar?
Filomena - Onde já se viu? Quando esses doidos começarem comer bosta.
Porfiria - Você sabe como ele chegou aqui não é? Estudou em Coimbra...
Filomena - Onde? Câimbra?
Porfiria – Coimbra. Fora do Brasil! Acredita que a majestade pediu pra que ele ficasse lá...
Filomena - É um grande médico.
 Porfiria - Sim! Um dos maiores.
 Filomena – É um grande idiota! Isso sim, tá nas Câimbras e retorna a Itaguaí e já notou a sua necessidade de estudos psiu, psiu...
 Porfiria - Psíquicos
 Filomena – Saúde!
 Porfiria – Saúde o quê? Psíquicos é médico de psiquiatria. (IMAGINANDO) É veremos se isso dará certo...
Loucos em um mesmo lugar? Até parece! Háááá (EVARISTA VAI SE APROXIMANDO DE PORFIRIA, EVARISTA DÁ UMA VOLTA EM TORNO DE PORFÍRIA INSINUA A BEIJA-LA DISCRETAMENTE, PORFÍRIA SE AFASTA ENOJANDO E FILOMENA RIR SE APROXIMA O VEREADOR GALVÃO EVARISTA SAI DESAPONTADA)
Vereador Galvão - Bom dia Senhoras!
Porfiria e Filomena - Bom dia!
Vereador Galvão - É como eu vinha dizendo a casa verde será um sucesso, o nosso ilustre Dr. Bacamarte nos enviou um oficio a Câmara pedindo-nos suporte, e nós vamos dar pra ele!
 Porfiria – É... O povo está meio receoso com a ideia vereador Galvão, mas já começou com sucesso!
Vereador Galvão - Um grande sucesso dona Porfiria! E a festa continua.
(EM OUTRO LOCAL)
Padre – E a caridade Dr. Bacamarte entra de certo nesse procedimento, como um tempero, o sal das coisas, que é assim que interpreto o dito de São Paulo aos Coríntios: “se eu conhecer quanto se pode saber, e não tiver caridade, não sou nada”.
Dr. Bacamarte - O principal nesta minha obra da Casa verde é estudar profundamente a loucura padre Lopes e os seus diversos graus, classificar lhes os casos, descobrir enfim a causa do fenômeno e o remédio universal. Creio que com isso presto um bom serviço à humanidade.
Crispim Soares - Um excelente serviço Dr.!
Dr. Bacamarte - Sem este asilo pouco poderia fazer, ele dá-me muito maior campo aos meus estudos, contribuir com a medicina, essa é a minha maior caridade que levarei para toda a humanidade.
Padre - Muito maior! (IRRITADO E SAI DE PERTO DO DOUTOR FILOMENA O SEGURA)
Filomena - Eu também quero falar. O fim dos tempos está na lágrima da lua... Eu vi, lá está, na lágrima da lua...
Padre Lopes – Que sacrilégio! Confesso que não sabia ter tantos loucos em Itaguaí. (COCHICHANDO A PORFÍRIA) Você não acredita, eu a vi a uns dois meses jogando peteca na rua!
Bacamarte - Não posso dizer que não. Mas a verdade é o que vossa reverendíssima vê, e é isso todos os santos dias.
Crispim Soares - Eu também estou pasmo. Pouco ou nada aparentava esta senhora, de insânia...
Filomena – De quem? Não o nome de minha mãe é Maria Filomena, igualzinho o meu!
Bacamarte - Mas há de haver uma razão puramente científica. E disto eu trato.
Padre Lopes - Vá que seja? (O DOUTOR BACAMARTE VAI ATÉ A PORTA DA CSA VERDE)
Bacamarte - Veja senhores aquele é um desgraçado a quem a mulher deixou. Fugiu com outro, ele foi atrás, os encontrou e matou a ambos com os maiores requintes de crueldade. Agora procura o fim do mundo. (FILOMENA APLAUDE)
Padre Lopes - O fim do mundo? Oh, que horror!
Voz sai de dentro da casa verde- Deus criou um ovo, o ovo criou a espada, a espada criou Davi, Davi criou a púrpura, a púrpura criou o duque, o duque criou o marquês, o marquês criou o conde... que sou eu. Sou o Deus João, irão para os céus os que me adorarem
Padre Lopes -  Deus João? Que sacrilégio.
Dr. Bacamarte - João De Deus. É um caso de mono-mania religiosa.
Padre Lopes - A casa verde agora é um mundo em que há governo temporal e espiritual.
Bacamarte - É um mundo de estudo padre.
Padre - Percebo que o tempo me trai. Não sabia que a coisa era tão séria, preciso ir a botica. Eu devo acompanhar as beatas, me esperem até breve.
Bacamarte – Até breve.
(A FESTA ACABA VAI ENTRANDO EM PENUMBRA ATÉ UM BLACK OUT E ACENDE COM O DOUTOR EM FRENTE A CASA VERDE EM MEDIDA QUE EVARISTA VEM COM AR DE TÉDIO)
Bacamarte
- O que tens mulher?
Evarista - Nada... Quem diria que meia dúzia de lunáticos...
Bacamarte – ( PEGA NA MÃO SORRIDENTE) Lembra-se da viagem a Rio de Janeiro? Consinto que vás.
Evarista
- E irei com quem? Como posso meter-me sozinha por estas estradas?
Bacamarte - Irá com sua tia
Evarista – (FICA ALEGRE) Oh! (DESANIMA) Mas o dinheiro que será preciso gastar...
Bacamarte - Que importa? Temos ganho muito. Ainda ontem o escriturário depositou - me conte. Queres ver? (MOSTRA O LIVRO DE REGISTRO, EVARISTA OBSERVA PASMA)
Bacamarte - ( AO OUVIDO) Quem diria que meia dúzia de lunáticos...
Evarista - Deus sabe o que faz! (SAI AS PRESSAS SORRIDENTE)
Bacamarte - Não há remédio certo para as dores da alma, esta senhora definha por que lhe parece que não há amo, dou-lhe o Rio de Janeiro e consola-se, simples.
(EVARISTA SAI E VOLTA COM AS MALAS)
Evarista - Adeus....
Filomena – Adeus?!
Bacamarte - Me traga bons acontecimentos, do Rio de janeiro.
Evarista - Assim farei. Cesária irá comigo, trarei um copo de água do rio Niterói.
(O DOUTOR BACAMARTE ENTRA NA CASA VERDE E FILOMENA SAI DE DENTRO CORRENDO ANUNCIANDO O PRÓXIMO INTERNO TOCANDO UM SINO)
Filomena - Atenção para o próximo louco que será recolhido para Casa verde, o senhor Costa. (VOLTA)
(DE DENTRO DO BAR)
Crispim Soares - Não gostei nada de Cesária ter ido esta viagem, estou só com os negócios.
Porfiria - Bem feito quem te mandou consentir a viagem de Cesária? Bajulador, Torpe, Só pra adular ao Dr. Bacamarte. Pois agora aguenta sem Cesária, fracalhão, vil. Dizeis amém a tudo não é? Aí tens o lucro.
Dr. Bacamarte - Desculpe Sra. Porfiria, mas o que disse?
Crispim Soares - Nada, nada de importante.
Dr. Bacamarte -  Estou muito contente!
Porfiria - De fato, qual o motivo Doutor?
Dr. Bacamarte - Sra. Porfiria trata-se de uma experiência que vai mudar a face da terra. A loucura, objeto de meus estudos, era até então uma ilha perdida no oceano da razão, começo agora a suspeitar que é um continente, um continente Sra. Porfiria!!!
Crispim Soares - Como assim doutor?
Dr. Bacamarte - Veja Sr. Soares à insânia abrange uma vasta superfície de cérebros. Sócrates tinha o demônio familiar, Pascal via o abismo a esquerda, Maomé, Calígula... Ou nem isto, basta dizer-lhe os loucos que aqui encontrei, um repete o mesmo discurso antes de cada refeição, outro anda a procura do fim do mundo, um acredita que é uma estrela d’alva...
Crispim Soares - Interessante muito interessante! A que se divulgar a notícia. É caso de matraca.
Dr. Bacamarte - Melhor que anunciar a minha ideia é executa-la!
Crispim Soares - Sim, sim, claro!
Dr. Bacamarte - Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares,
é ver se posso extrair a pérola, que é a razão. A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, insânia e só insânia.
Porfiria - Onde uma começa a outra a acaba.
Dr. Bacamarte - Exatamente!
 (SAINDO DR. BACAMARTE ENTRA FILOMENA CORRENDO PASSANDO PELO PÚBLICO)
Filomena - O Sr. Costa fora recolhido a casa verde
Porfiria - Impossível
D. Filomena - Qual impossível foi recolhido hoje de manhã.
Porfiria - Mas ele não merecia.... Ainda mais depois de tudo que ele fez.
Filomena - É verdade um homem tão bom! Mas o doutor disse que estava doido e pronto!
Porfiria - Imagine que ele me emprestou certa quantia de quinhentos cruzeiros á poucos dias... Um excelente homem!
D. Filomena - Hum, Se é, alguns contam que ele, perdoou a dívida de um senhor e retornou a empresta-lo, só pra provar que é um bom homem. Eu achei um idiota, acabou o dinheiro que nosso tio deixou, dando pros ricos falsos e metidos. E ainda me chama de desequilibrada.
Porfiria - Mas é verdade ele trata a todos com imensa cortesia.
D. Filomena - Agora na casa verde. Toma bocó! Olha mais me deu tanta raiva... uma vontade de dar um chute nos bagos pra ele morrer aleijado e não de pobre.
(PORFÍRIA VAI ATÉ A FRENTE DA CASA VERDE)
 Porfiria – Doutor Bacamarte... ô doutor (O DOUTOR SAI NA PORTA) costa não é louco Doutor! Não é!
Dr. Bacamarte - Este digno homem não está no perfeito equilíbrio das faculdades mentais, à vista do modo como dissipara os cabedais que lhe deram de herança.
Filomena - Isso, não! Isso, não! Se ele gastou tão depressa o que recebeu, a culpa não é dele.
Dr. Bacamarte - Não?
Filomena - Não, senhor. Eu lhe digo como o negócio se passou. O defunto meu tio não era homem ruim; mas quando estava furioso era capaz de nem tirar o chapéu pra Deus. Acredita que um dia, pouco tempo antes de morrer, descobriu que um escravo lhe roubara um boi; imagine como ficou... ele pegou o escravo e fez quatro talhos nas costas, da pá até a poupa e dentro de cada talho colocou um quilo de sal, a cara era um pimentão; ele tremia todo, a boca escumava; lembro-me como se fosse hoje. Então um homem feio, cabeludo, com a camisa toda rasgada, chegou pra ele e pediu um copo de água. Meu tio respondeu que fosse beber água no rio do inferno. (FAZENDO CENA DE TERROR) O homem olhou para ele, abriu as mãos em ar de ameaça, e rogou esta praga: —"Todo o seu dinheiro não há de durar mais de sete anos e um dia, tão certo como isto ser o cinco Salomão! E mostrou o cinco Salomão ferrado no braço. Foi isto, meu senhor; foi esta praga daquele maldito. (QUEBRA A CENA PRA NORMAL) Há! Tu ficou com medo.
 Dr. Bacamarte – Engraçadinha! Vá fazer o próximo anuncio (ENTREGA A PRANCHETA E ENTRA DE VOLTA)
Filomena
- Não se pode acreditar, a prima do senhor Costa também foi internada na casa verde?
Porfiria - Mas por que? Ela tem perfeito juízo.
Filomena - Não se sabe. As vezes que foi interceder pelo primo e lá ficou.
Porfiria - Isto é um absurdo! (O DONO DO BAR VAI COM ALGUNS LIVROS A CAMINHO DA CASA VERDE) Você que é tão íntimo dele, não poderia nos dizer o que há? O que ouve? Qual o motivo?
(O DONO DO BAR APENAS RIR E PASSA, SAINDO.)
Filomena - Há coisa tá séria por aqui em! (SAI CORRENDO E FAZENDO O ANUNCIO) A prima do Sr Costa fora recolhida á casa verde (PAUSA) Será que é eu? Acho que não, não estou com camisa de força e estou aqui fora.
(FILOMENA SOBE DE VOLTA NO PALCO E PORFÍRIA ESTÁ OLHANDO PARA DENTRO DA CASA VERDE)
Porfiria - Lá está o Matheus  embasbacado, depois da casa que construiu passa o dia a observar.
Filomena - Também... É uma bela casa! Uma das melhores de Itaguaí... Meu Deus um simples albardeiro!
Porfiria - Matheus, albardeiro muito conhecido em Itaguaí. (SE APROXIMA ABRAÇANDO-A TENTANDO CARINHA FILOMENA)
Filomena - Este Sr. Matheus me parece um caso que padece de um amor as pedras, isso de contemplar a casa! (SE AFASTANDO DO ABRAÇO)
Porfiria - Há de perdoar-me, mas talvez não saiba que ele de manhã examina a obra, não a admira; de tarde, são os outros que o admiram a ele e à obra.
A casa verde é um cárcere privado, privado (SAI IRRITADA EM SEGUIDA  ENTRA O PADRE)
Padre Lopes - Dona Evarista esta de volta!
 ( DR. BACAMARTE SAINDO DA CASA VERDE TIRANDO O CASACO. ENTRA PELA PORTA DO OUTRO LADO DO PALCO D. EVARISTA, A TIA E CESÁRIA D. EVARISTA AO VER O MARIDO DA UM GRANDE SUSPIRO, SOLTA UM GRITO... DESMAIA TODOS A SOCORREM TENTANDO REANIMÁ-LA))
Padre Lopes – Nossa o que foi que deu nela? Dona Evarista, Dona Evarista acordes (EVARISTA ACORDA)
Dr. Bacamarte - Está bem?
D. Evarista - Sim!
Padre Lopes - E como vai o Rio de Janeiro D. Evarista?
D. Evarista – (FAZENDO ALUSÃO AO MARIDO) Há é a coisa mais bela do mundo. Pena que o passeio público esta acabado, um paraíso onde fui tantas vezes, a Rua, Belas noites, o chafariz dos marrecos... Há o chafariz dos marrecos! (PASSANDO AS MÃOS PELO CORPO DO DOUTOR BACAMARTE)
Padre Lopes - Sim o Rio de janeiro deve estar ainda mais bonito. Como se admira, maior que Itaguaí, sede do governo... Mas aqui tem belas casas, a casa verde, a casa do Matheus... A propósito da Casa verde a senhora vem acha-la muito cheia de gente.
D. Evarista - sim?
Padre Lopes - É verdade , lá está o Matheus
D. Evarista - O albardeiro?
Padre Lopes - O albardeiro, o Costa, a prima do Costa... e tantos outros
D. Evarista- Todo mundo ficou doido?
Padre Lopes - Ou quase rsrsrs
D. Evarista - Mas então? Tanta gente ensandeceu? Um ou outro vá , mas todos? Mas Bacamarte não recolheria ninguém a casa verde sem prova evidente de loucura.
Padre Lopes - Sem dúvida... Sem dúvida!
(EVARISTA LEVANTA-SE, VAI ARRUMANDO AS BAGAGENS BLACKOUT. CENA RETORNA FILOMENA ANUNCIANDO O PRÓXIMO INTERNO DEPOIS CENA VOLTA PARA O BAR)
Filomena – Atenção senhora e senhores o senhor Martins Brito fora recolhido na casa verde. (RETORNA PARA DENTRO CASA VERDE)
Vereador Galvão -  Dona Evarista retornou a Itaguaí.... souberam?
Crispim Soares - Já não era em tempo... Ela tem que aconselhar o marido, já passa dos limites.
Ver. Galvão - Pois se passa, Sr. Crispim, soube que até o Gil Bernardes e o Martin Brito foram colocados lá.
Porfiria - O terror espalhou-se por Itaguaí. Já não se pode sair a rua tranquilamente.
Ver. Galvão - Devemos acabar com isso!
Porfiria - Não pode continuar! É verdade que o movimento da salão cresceu após  a Casa Verde, mas antes os interesses públicos que particulares. É preciso derrubar o tirano.
Crispim Soares - É verdade!
(SAI FILOMENA FAZENDO O PRÓXIMO ANUNCIO)
Filomena – O senhor Coelho fora Recolhido á Casa Verde...
Porfírio- Ele prendeu o Coelho lá... Agora me digam em que o coelho é doido? Claro que não!
Crispim Soares - Ele é perfeitamente ajuizado. De excelente caráter por sinal.
Porfiria- Estão vendo meus senhores ou tomamos uma atitude ou este... “Doutor” irá acabar com Itaguaí.
(TODOS APLAUDEM)
 Filomena - Apoiado!
Porfiria- Vamos meus amigos , vamos agora mesmo a câmara!
(COMEÇAM UM PROTESTO CONVIDANDO O PÚBLICO PARA PARTICIPAR ENSINANDO O GRITO)
Gritos – A baixo a Casa Verde, a baixo a Casa Verde....

Vereador Freitas - Que gritos são esses? Vamos gritar baixo
Porfiria - Ilustre vereador, Itaguaí encontra-se em declínio. A casa verde esta aterrorizando a todos.
Vereador Galvão - Voltai ao trabalho senhora Porfiria!
Porfiria – (PARA O PÚBLICO) Voltai ao trabalho? Óh vereador Galvão o senhor não ouve os gritos destas pessoas? Estão aterrorizadas! Devemos parar este médico e se a câmara não fechar a casa verde nos iremos demoli-la. O senhor não enxerga que este homem move-se pela ganância, já que os parentes e a própria câmara paga o tratamento dos “supostos” loucos.
Vereador Galvão - Isso é falso!
Porfírio- Falso?
Vereador  Galvão - Há cerca de duas semanas recebemos um ofício do ilustre médico em que nos declara que, tratando de fazer experiências de alto valor psicológico, desiste do estupendo votado pela Câmara, bem como nada receberá das famílias dos enfermos.
Porfíria - Estarei investindo em mandato público e não sossegarei antes de ver por terra a casa verde, a Bastilha da razão humana.
Filomena -  Nada tenho a ver com a ciência, mas se tantos homens em quem supomos são reclusos por dementes, quem nos afirma que o alienado não é o próprio alienista?
Vereador Galvão – (ESPANTADO) Ora senhora Filomena? (MUDA DE PENSAMENTO) Não me vá espalhar estas histórias por aí para não dar corpo e alma à uma rebelião. (PARA O PÚBLICO) Senhores eu prometo que faremos para ver, rever e verear essa situação
Filomena – Apoiado vereador Galvão, o craque da camisa de colarinho.
Porfiria – Pois que seja breve vereador porque nós já decidimos não vamos ficar “deitados em berços esplêndidos”. Esta é Bastilha da razão humana. (APONTANDO PARA CASA VERDE E CHAMA A TODOS PARA O PROTESTO, ENTRA EVARISTA)
Evarista - Ouvi dizer que o povo que derrubar a casa verdade.
Filomena – Mas é só uma batucada dona Evarista, daquelas que nem sabe o que quer um bocado de festeiro que só quer fazer um carnaval
Evarista – É? Mas ne carnaval ninguém quer derrubar nada de ninguém não, só a moral.
Porfiria - “ Morra o Dr. Bacamarte, morra o tirano!”
Evarista - Porfiria?! (ESPANTADA)
Porfiria – Diga não ao Alienista!”
Evarista - Bacamarte, Bacamarte... Filomena chame-o agora mesmo.
(FILOMENA ENTRA NA CASA VERDE E SAI COM O DOUTOR BACAMARTE)
Filomena – É uma agitação daquela cadela da Porfiria, querendo ser gente no meio dos homens
Evarista - Você não ouve os gritos?
Bacamarte - Vá se recolher... não te preocupes!
Evarista - Não , não quero morrer ao teu lado!
Bacamarte - Ora não é caso de morte. Recolhe-te vá! (COM A MAIOR CALMA) Meus senhores, a ciência é coisa séria, e merece ser tratada com seriedade. Não dou razão dos meus atos de alienista a ninguém, salvo aos mestres e a Deus. Se quereis emendar a administração da Casa Verde, estou pronto a ouvir-vos; mas, se exigis que me negue a mim mesmo, não ganhareis nada. Poderia convidar alguns de vós em comissão dos outros a vir ver comigo os loucos aqui reclusos; mas não o faço, porque seria dar-vos razão do meu sistema, o que não farei a leigos nem a rebeldes.
(ENTRA DE VOLTA NA CASA VERDE)
Porfíria - Meus amigos, lutemos até o fim! A salvação de Itaguaí está nas vossas mãos dignas e heroicas. Destruamos o cárcere de vossos filhos e pais, de vossas mães e irmãs, de vossos parentes e amigos, e de vós mesmos. Ou morrereis a pão e água, talvez a chicote, na masmorra daquele indigno. Vamos!
(SAI AGITANDO O PÚBLICO COM O GRITO BAIXO A CASA VERDE. AS LUZES VÃO APAGANDO LENTAMENTE ACENDEM NO BAR)
Filomena - Você viu?
Crispim Soares - Como Itaguaí esta movimentada?
Filomena- O que foi? É a úlcera é? Você não soube? Uma multidão quis invadir a casa do Dr. E quiseram derrubar a Casa Verde!
Crispim Soares - Não acredito? (COM IRONIA)
Filomena- A câmara mandou uns soldados na hora da demolição, e estes ficaram do lado da multidão e da Porfiria.
Crispim Soares – A cabeleireira?
D. Filomena – Sim ela mesma... Foi aclamada pelo povo, e a esse ela os lidera...
Crispim Soares – Falando no diabo...
(ENTRA PORFÍRIA)
Porfiria - "Itaguaienses” Uma Câmara corrupta e violenta conspirava contra os interesses de Sua Majestade e do povo. A opinião pública tinha-a condenado; um punhado de cidadãos, fortemente apoiados pelos bravos dragões de Sua Majestade, acaba de a dissolver ignominiosamente, e por unânime consenso da vila, foi-me confiado o mando supremo, até que Sua Majestade se sirva ordenar o que parecer melhor ao seu real serviço. Itaguaienses! não vos peço senão que me rodeeis de confiança, que me auxilieis em restaurar a paz e a fazenda publica, tão desbaratada pela Câmara que ora findou às vossas mãos. Contai com o meu sacrifício, e ficai certos de que a coroa será por nós.
Filomena – (ESTENDE A MÃO PORFÍRIA SE APROXIMA COM AR ROMÂNTICO) Me dá um pedaço! (VIRA PARA O PÚBLICO) É que eu não entendi nada!
Porfiria – Está aqui Protetora da vila em nome de Sua Majestade e do povo Porfiria Caetano das Neves. (VAI SAINDO)
Crispim Soares – Ela tomou o poder!
D. Filomena – Acho um tanto bom, você acredita que mesmo com tantas ameaças o alienista prendeu mais uns 7 ou 8 ?
Crispim Soares - Acho que ele é quem deve ser internado!
(ENTRA VEREADOR GALVÃO FILOMENA VAI PARA CASA VERDE)
Vereador Galvão – Teu lugar é ao lado do doutor homem!
Crispim Soares - Vereador! Ninguém se amarra a um cadáver, tudo já esta perdido! Porfiria é a governante.
Vereador Galvão – Homem! Ouvi dizer que o Porfiria vai à casa do doutor...
Crispim Soares- Vai prendê-lo e irão me prender como cúmplice vereador Galvão! Preciso sair! (SAI)
Vereador Galvão – Crispim...!!! ô sujeito frouxo (VAI ATRÁS VEM PORFÍRIA E PARA EM FRENTE A CASA VERDE OS DOIS SE APROXIMAM  CURIOSOS)
 Porfiria - Dr. Bacamarte!
Dr. Bacamarte -Já compreendo o que quer aqui senhora, não tenho meios de resistir, só lhe peço que não me constranja assistir pessoalmente a demolição da Casa Verde.
Porfiria- Engana-se Vossa Senhoria, engana-se em atribuir ao governo intenções vandálicas. Com razão ou sem ela, a opinião crê que a maior parte dos doidos ali metidos está em seu perfeito juízo, mas o governo reconhece que a questão é puramente científica e não cogita em resolver com posturas as questões científicas. Demais, a Casa Verde é uma instituição pública. Há, entretanto que haver um alvitre intermédio que restitua o sossego ao espírito público.
 A generosa revolução que ontem derrubou uma Câmara vilipendiada e corrupta pediu em altos brados o arrasamento da Casa Verde; mas pode entrar no ânimo do governo eliminar a loucura? Não. E se o governo não a pode eliminar, está ao menos apto para discriminá-la, reconhecê-la? Também não é, matéria de ciência. Logo, em assunto tão melindroso, o governo não pode, não quer dispensar o concurso de Vossa Senhoria.
Dr. Bacamarte –
Quantos os mortos e feridos que houve ontem no conflito?
Porfiria – Onze mortos e 25 feridos.
Dr. Bacamarte – Onze mortos e 25 feridos. E como vão as vésperas?
Porfiria – O nosso governo ainda não conquistou a confiança dos principais da vila , mas o senhor pode me ajudar muito neste ponto. Irei indo
Dr. Bacamarte- Onze mortos e 25 feridos? (PORFÍRIA VAI SAINDO E RETORNA)
Porfiria - Porque eu velo, podeis estar certos disso, eu velo pela execução das vontades do povo.
Confiai em mim; e tudo se fará pela melhor maneira. Só vos recomendo ordem. (PARA O PÚBLICO) E ordem, meus amigos, é a base do governo...
Crispim Soares – (COCHICHANDO) Porfiria está vendida ao ouro de Simão Bacamarte, até agora nada fez... O alienista já capturou 50 dos participantes dessa revolta. E não para...
Porfiria- Estamos entrando em acordo Sr. Crispim...
Há, há, há Adeus! (SAI)
Dr. Bacamarte- Onze mortos e 25 feridos. Eis aí dois lindos casos de doença cerebral generalizada. Os sintomas de duplicidade e o descaramento desta cabeleireira são laudos positivos. Quanto à toleima dos que o aclamaram não, é preciso outra prova além dos onze mortos e vinte e cinco feridos? Dois lindos casos! (VAI ENTRANDO VOLTA NA CASA VERDE)

Crispim Soares - Meu povo se continuardes a acreditar, nenhum resultado teremos. Vamos à luta deixai esta mulher.
 GRITOS: (COM SONS E BARULHOS, DESESPEROS, PESSOAS CORRENDO PELA CENA EM PENUMBRA) – Casa verde, não, Porfiria é traidora, mas é ciência, eu não sou louco, cadê o governo que confiamos?
(BLACK OUT ENTRA FILOMENA CORRENDO)
Filomena – A governanta senhora Porfiria fora recolhida á casa verde
(ENTRA DR. BACAMARTE, PADRE LOPES, VEREADOR GALVÃO COM PORFÍRIA PRESA NUMA CAMISA DE FORÇA)
DR. Bacamarte
- Venha Porfiria foram muitos mortos sem nenhuma compaixão!
(PORFÍRIA MEIA ZONZA SE BATENDO É LEVADA PELOS HOMENS.)
Evarista – Meu Deus agora é a Porfíria quem foi parar na Casa Verde...
Filomena- Já estou amedrontada com isso...
Evarista – E é pra isso mesmo... bem eu podia interceder por ela mas já que não quer, deixa lá! Sabe onde o Boticário vai parar?
Filomena- Sr. Soares que tão fazendo a tramoia pra colocar governo? Coisa daquele padre e daquele vereador.
Evarista – Sim... Vão tudo pra Casa verde!
Filomena - D. Evarista... Até os amigos deles...
Evarista – Se fosses só os amigos...
Filomena - Olhe lá vem ele, vamos embora (saem depressa)
(SAEM DE DENTRO DA CASA VERDE O PADRE LOPES, O DOUTOR BACAMARTE, O VEREADOR GALVÃO E CRISPIM SOARES
Dr. Bacamarte – Á vista disso declaro à Câmara que vou dar liberdade aos reclusos da Casa Verde e agasalhar nela as pessoas que se achem nas condições agora opostas.
Padre Lopes- Mas senhores havia necessidade?
Dr. Bacamarte- Já há algum tempo que eu desconfiava do seu equilíbrio. A modéstia com que ela vivera em ambos os matrimônios não podia conciliar-se com o valor das sedas, veludos, rendas e pedras preciosas que manifestou. Desde então comecei a observá-la. Suas conversas eram todas sobre esses objetos; se eu lhe falava das antigas cortes, queria saber logo da forma dos vestidos das damas; se uma senhora a visitava já vinha dizer dos objetos da visita, descrevia os trajes, aprovando umas coisas e censurando outras. Um dia, creio que Vossa Reverendíssima há de lembrar-se, propôs-se a fazer anualmente um vestido para a imagem de Nossa Senhora da Matriz. Tudo isto eram sintomas graves; esta noite, porém, declarou-se a total demência, cantando para matrimônio outra mulher. 
Padre Lopes- Mas logo D. Porfiria? Tão boa para igreja... Não é justificado.
Dr. Bacamarte - Mania suntuária, não incurável, e em todo caso digno de estudo. Conto pô-la boa dentro de seis semanas.
(VEREADOR GALVÃO VIRA PARA O PÚBLICO E FAZ NOVAMENTE UM DISCURSO DE APRESENTAÇÃO DE UM NOVO GOVERNO)
Vereador Galvão -  Senhoras e senhores e os principais de Itaguaí, como vimos tivemos um período de engano congênito agitado por uma mulher que deixou seus afazeres para vir lubridiar o povo, fruto de um distúrbio mental isso já dito pelo medico psiquiátrico que aqui nos representa. Diante dessa situação e já a câmara resolvendo tal declaro para vocês. Eis aqui o novo governante de Itaguaí (APONTANDO PARA CRISPIM, EM SEGUIDA DOUTOR BACAMARTE LÊ SUAS DECLARAÇÕES)
DR. Bacamarte – Foi notória a tal insanidade aqui dita pelo ilustre vereador e pontuo tais como os seguintes estados clínico dessa terra entre minhas pré-finalizações.
(TODOS SE RECOLHEM LUZES SE APAGAM COM SONS)
PESSOAS – (CRUZANDO A CENA) Não sou mais louco? Não lembro nada do que ele me disse, eu to zen, que dia é hoje? (ENTRA FILOMENA ANUNCIANDO O INESPERADO)
Filomena – Cruz crédulo, agora arruinou tudo! O doutor colocou todos os loucos para fora da Casa Verde, e interna o padre, o vereador Galvão e dona Evarista.
Porfiria -
Estamos livres, livres! Parece que o tratamento fez efeito. (LUZES TERMINAM DE ACENDER AS OUTRAS PERSONAGENS JÁ SAÍRAM)
Filomena - Parece-me que sim... não esta garantido!
Porfiria – Ai meu amor
Filomena – Não tô dizendo... aí vem eles!
(ENTRAM DR. BACAMARTE E CRISPIM, FILOMENA MAIS PORFÍRIA SAEM)
Dr. Bacamarte -
A câmara aceitou meu pedido com relação aos estudos psíquicos...
Crispim Soares - O povo está mais calmo doutor, depois de ter liberado todos os loucos, e muitos terem melhorado
Dr. Bacamarte - Sabe, e estou ainda mais ansioso com os novos estudos... 
Crispim Soares – E a Cesária doutor?
Dr. Bacamarte – Ela, o Padre Lopes e Vereador Galvão encontram-se em demasiado equilíbrio mental... Estou a estudar-lhes tendo em vista que agora estudo os certos. Depois, os loucos não me trouxeram nenhum transtorno de morte em massa há humanidade.
 Mas deveras estariam eles doidos, e foram curados por mim, ou o que pareceu cura não foi mais do que a descoberta do perfeito desequilíbrio do cérebro?
Ao cabo de longas e pacientes investigações, constante trabalho luta incansável com o povo, posso afirmar esta verdade: não há loucos em Itaguaí; Pois quê! Itaguaí. Não possuiria um único cérebro desconcertado?
- Sim, há de ser isso! Perfeito equilíbrio mental e moral. Eu possuo a sagacidade, a paciência, a perseverança, a tolerância, a veracidade, o vigor moral, a lealdade, todas as qualidades enfim que podem formar um acabado mentecapto.
Crispim Soares – E o senhor quer tornar todos loucos?!
DR. Bacamarte – Mas é claro que sim ou que não, como eu conseguir acalmar os ânimos daqueles que nos disseram ser uma ameaça por serem socialmente diferentes, quem sabe não consigo acalmar os ânimos dos socialmente corretos, que são ambiciosos, violentos, enganadores...
Crispim Soares – Cruzes estamos fritos...
Dr. Bacamarte – Mas antes de tudo isso Fiiloomeenaaah
Filomena – Eis me aqui senhor
DR. Bacamarte – Irei soltar todos os internos e irei me recolher á Casa Verde para estudar a me mesmo. Filomena – Agora ele isandeceu de vez, eu sou fã desse cara! (ENTRA NA CASA VERDE) Bora cambada o doutor falou que vocês já estão curados (SAEM DESCONFIADOS) o doutor disse que se houver novo interno a casa verde será ele mesmo!
Dr. Bacamarte – Evarista! Padre Lopes, Sr. Soares Olhem para mim. Nenhum defeito?
D. Evarista - Nenhum,
Dr. Bacamarte - Nenhum vício?
Crispim Soares - Nada.
Dr. Bacamarte- Tudo perfeito?
Todos - Tudo.
Dr. Bacamarte - Não, impossível. Digo que não sinto em mim essa superioridade que acabo de ver definir com tanta magnificência. A simpatia é que vos faz falar. Estudo-me e nada acho que justifique os excessos da vossa bondade.
Padre Lopes - Sabe a razão por que não vê as suas elevadas qualidades, que aliás todos nós admiramos? É
porque tem ainda uma qualidade que realça as outras, a modéstia.
Dr. Bacamarte- Então devo me recolher a Casa Verde. A questão é científica, trata-se de uma doutrina nova, cujo primeiro exemplo sou eu. Reúno em mim a mim mesmo a teoria e a prática.
Evarista- Simão! Simão! meu amor! (O DOUTOR VAI ENTRANDO NA CASA VERDE) Olha a frescura!! (CORE A TRAZ E ENTRA JUNTO COM ELE)
Filomena – Atenção senhora e senhores o doutor Bacamarte e sua esposa fora recolhido a Casa Verde!
(O DOUTOR ENTRA NA CASA E TODOS SAEM MURMURANDO NA MEDIDA EM QUE AS LUZES APAGAM)


Fim.



Um texto de Fabrícia Santos (Fabrícia Santos da Silva), extraído do livro “O Alienista” publicado em 1882 do escritor brasileiro Joaquim Maria Machado de Assis, que nasceu no ano de 1839 no estado do Rio de Janeiro Brasil.
Com supervisão e análise de Naldão (Francisnaldo Silva de Souza ator e diretor DRT BA 33-38), o texto teve como pretensão ser montado e apresentado pela companhia de teatro encenações no ano de 2014, na culminância do curso de repreparação do grupo “A Vida Representada”. Depois fazendo assim para uso público.