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MORRO DO CHAPÉU, BAHIA, Brazil
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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

MARTELO AGALOPADO



MAS COMO BEBER PODE SER PECADO
SE JESUS TRANSFORMOU ÁGUA EM VINHO?

1
Feitos daqueles antigos vinhedos
Mérito levado á Dionísio
Vai dos santuários aos prodígios
Não se envergonha com seus segredos
Do banal ao luxuoso enredo
Sempre em voláteis barris de pinho
Em bares igrejas e jantarzinho
Traz saúde seu paladar abençoado
Mas como beber pode ser pecado
Se Jesus transformou água em vinho
2
Tudo que riqueza neste mundo
É sempre em busca da felicidade
Não importa o tamanho da maldade
O homem se ilude num segundo
Anda num despautério profundo
Estrepa sua vaidade em espinhos
Isto está escrito em pergaminhos
Das ciências que vem lá do passado
Mas como beber pode ser pecado
Se Jesus tranformou água em vinho
3
O vinho é uma simples bebida
Mas que se deve evitar demasia
Que é para evitar a agonia
Duam grande ressaca desvarrida
Pagando por mais um erro na vida
Aprenda então trilhar seu caminho
Mostre controle em tudo um pouquinho
Deferente de um bêbado desvairado
Mas como beber pode ser pecado
Se Jesus transformou água em vinho
4
Até um velho matuto percebe
Que beber não é tão errado assim
Se um critica ele diz por mim
Basta chegar num bar ele bebe
Na volta pra casa então se perde
Mas trouxe consigo o amigo toquinho
Que agüenta seus desaforos o jeguinho
Com a situação grita revoltado
Mas como beber pode ser pecado
Se Jesus transformou água em vinho
5
Voce que prefere a água ardente
A cachaça extraída da cana
Cachaceiro sem valor é sua fama
E mesmo assim vive contente
Dá uma de valente de repente
Extirpando seus sentido todinhos
Não percebe das uvas o arminho
Por andar nervoso descontrolado
Mas como beber pode ser pecado
Se Jesus transformou água em vinho
6
Do feio ao bonito que agente ver
Mas a maior feiúra que se faz
Acaba sempre lhe deixando pra traz
É quando ninguém por perto quer lhe ter
Então vem a melhor coisa á fazer
Ficar socegado num cantinho
No lugar daquela flor do jardinho
Mas como beber pode ser pecado
Se Jesus transformou água em vinho
7
O pão e o vinho na santa ceia
Representa sangue e carne de cristo
Mas não há exbórnea em nada disto
Só o sagrado ali é quem anseia
O mal contido então se arreia
Ao respeito integro com o divino
Que derramou seu sangue carmesinho
Por todos os seus filhos abençoados
Mas como beber pode ser pecado
Se Jesus transformou água em vinho
8
Há homens peritos da sabedoria
Do científico ao empirismo
Tanto na arte ou no sacretismo
Quem desbrava os segredos da poesia
Mambembes que encantam com a magia
Mesmo os grandes adivinhos
Se rendem aos encantos do vermelhinho
O passa tempo mais valorizado
Mas como beber pode ser pecado
Se Jesus transformou água em vinho
9
Muitos afirmam que o vinho é fraco
Outros o chama de armadilha
Bebe muito embriagues já brilha
Quando de ressaca só fica o caco
O bonito brilho fica opaco
Que chama urubu de passarinho
Briga consigo se borra sozinho
Síndrome do famoso aloprado
Mas como beber pode ser pecado
Se Jesus transformou água em vinho
10
A água e o vinho são vendidos
Do vinho os impostos são menores
Da água os abusos são os piores
Os subsídios da água são compridos
O vinho tem seus finais divertidos
Os sistemas hídricos seus joguinhos
Os vinhedos trabalham com carinho
E os dois têm pontos destacados
Mas como beber pode ser pecado
Se Jesus transformou água em vinho
11
Beber social ou não eu estranho
Pois o autor desta poesia nem bebe
Bebida e poesia se concebem
Mas em álcool se que eu arranho
Enquanto outros mostram tamanho
Com pose exibe o mercadinho
Só bebe caro os do colarinhos
Pouco ou muito eu acho errado
Mas como beber pode ser pecado
Se Jesus transformou água em vinho
12
É melhor parar com essa prosa
Antes que você fique irritado
O erro é ficar por aí jogado
Bêbado falando vida gostosa
Entra numa situação gostosa
O vicio lhe acaba ligeirinho
Raciocine com este livretinho
O certo é que sejamos educados
Mas como beber pode ser pecado
Se Jesus transformou água em vinho






FRANCISNALDO SILVA DE SOUZA
POETA ATOR E DIRETOR DRT BAHIA 33-38
MORRO DO CHAPÉU BAHIA


OUTROS CORDEIS

E NOIS É OS GATÃO



1
Existem coisas na vida
Que nem sempre agente vê
Aquelas que não se sabe
É melhor querer saber
Vou falar de dois rapazes
E do que eram capazes
É só o folheto você ler
2
Os irmãos José e João
Eram bons de aventura
E também eram compadres
De amizade mais segura
Pra uma aventura começar
Resolveram ir passear
De carro e que luxuria
3
Pobre só sobe na vida
Quando consegue pular
Se um tem coisas velha
Outro começa criticar
Zé diz isso é inveja
Os cotovelos não caleja
De tanta dor que tá
4
E era um carro velho
Que só queimava botijão
As rodas cambaleavam
A lataria batia no chão
Pra pegar era no tombo
Cada vidro tinha um rombo
Só fumaça sem direção
5
Empurraram meia hora
Só pegou com uma oração
Saiu aquela latumia
O motor dando explosão
Uma moça passa na frente
Zé fala todo contente
Ei menina e nois é os gatão
6
A moça fica com medo
Mas depois começa rir
João diz tamo com sorte
Zé diz vamos curtir
Zé motorista acelera
É quando grita a galera
Tira esse trosso daqui
7
Ganha corro asfalto
Á sempre dez sempre vinte
João – olha a policia
Zé diz – é o seguinte
Pra poder agente parar
É o pé no chão rastar
Mesmo que asfalto pinte
8
O guarda vem abanando
Ver realmente se parou
Dizendo – bonito em?
João fala – e veloz doutor
Cadê os documentos?
Esse é sofrimento
Faz tempo que ninguém achou
9
Você tá brincando
Não sinhô nem é de tá
O carro de ferro tá assim
E os papé Cuma num tá?
O guarda continua su missão
João sua gabelação
Na tentativa de passar
10
O cinto de segurança
Ta amarrado no bujão
E aqui os faróis quebrados
É que batemo no murão
Do istintor fiz um FIFO
Pra caçá nos brocotó
Chamado boca de pilão
11
Aqui só tem uma macha
O moto tá istorado
A lataria toda pode
Os pneu vei custurado
Os banco tá só nas mola
Os sapato acaba sola
Com o frei vei quebrado
12
O guarda se atrapalhou
Com a lista assumida
Então prender o carro
Seria uma grande intriga
Dinheiro eles não iam ter
O jeito então á fazer
Deixar passar sem briga
13
Pra onde vocês vão
Fazenda boa esperança
De um dia boa colheita
Chuva lá é sem confiança
Onde fica isso aqui
Bem pertin logo ali
Dois quilome de distança
14
O guarda quis avisar
Que aquilo é perigoso
Mas naquela situação
Deixava-o temeroso
Mas ali era seu dever
Só sabia o que fazer
O negocio é revoltoso
15
Todo mundo tem direitos
Mas não é pra todo mundo
Ter todos os direito
Isso é até profundo
Pra quem quer levar a vida
Igual quem tem guarida
Nos defeitos deste mundo
16
Disse então o guarda
Farei uma boa com vocês
Não vou prende-los agora
Nem quero vê-lo outra vez
Vão trabalhar na roça
Quem sabe vocês não possa
Comprar um carro tal vez
17
Falou José afoitado
É a roça qui nos matem
Come o povo do mato
E os da cidade tamem
O sinhô num vem humilhar
Qui no cargo qui aí tá
Liberdade o sinhô num tem
18
Diante a situação
Dos dois ousado ali
Irritado o guarda ordena
Vocês dois sumam daqui!
Os dois se olharam então
Responderam – ne assim não
Dá um empurrãozinho aí. 

NALDÃO. ARTES
FRANCISNALDO SILVA DE SOUZA
POETA ATOR E DIRETOR
DRT BAHIA 33-38

OUTROS CORDEIS

BESTEIRA DE MATUTO



I
Depois de um tempo cheguei
Onde sempre costumei
Pra comprar um chapéu
O lugar tava bonito
Eu achei esquisito
Não tava indo pro céu
II
E sabe quem chegou
Mesmo assim como eu sou?
Apareceu uma moça
Bonita que ave Maria
Me perguntou o que eu queria
Queria não quero e ouça
III
Cadê o velho Detão
Não sei quem é não
O dono disto aqui
O dono se chama Toledo
Olha não to de brinquedo
E touro eu derrubo por Aí
IV
Ai sabe o que ela me disse
Não foi nada de bom visse
O que o senhor quer?
Eu disse arre bicha bruta
Espernei feito mamuta
Mas nada pra mim você é
V
Aí o que ela me falou
Foi o que mais me danou
Senhor assim não dá
Não sei quem é você
Tenho muito o que fazer
Chame se algo precisar
VI
Rosnei olha sua burrinha
Não rebata honra minha
Que te desço o reio
E no meio da confusão
Tal vez chame seu patrão
Para lhe dar uns conselhos
VII
Arremesse contra mim
Aqui é um Chopin
A segurança vou chamar
Eles chegarão agora
Lhe joga porta fora
E agente ver no que é dá
VIII
Eu disse olha, pois bem
Aqui não me convém
Não volto mais neste bordel
Tal vez a feira me aponta
Alguém que dê conta
De comprar meu chapéu
IX
Eu sempre disse a Detão
Que nunca vendesse não
Aquele bendito lugar
A quem ele fosse vender
Dele besta ia fazer
Que muito lucro ali dá
X
Mas ele não me ouviu
De surdo se fingiu
E resolveu  vender
Hoje vive na penura
Lamentando a vida dura
E a besteira que foi fazer

NALDÃO. ARTES
FRANCISNALDO SILVA DE SOUZA
POETA ATOR E DIRETOR